Poema do nosso querido aluno Sérgio Estevinha

Noites de Fevereiro


É noite em Lisboa

E faz frio

Percorre-me uma brisa gelada

Que vem do lado do rio

E nada me agrada

A cidade é gelada

E, então, sinto um vazio

Caminho sem pressa

Não tenho onde chegar

Não tenho ninguém à espera 

E o tempo passa devagar

Chamo por ti

Mas tu não me respondes

Eu tenho a vida inteira para te amar

Só peço, então, a chave do teu altar

Só peço, então, à noite para te encontrar


Porque a noite não tem palavras

Porque a noite não tem nada

Para me consolar

Na penumbra não tenho alma

Fica o desejo de te beijar


Vejo luzes do outro lado

Desejo ver-te a adormecer

Invade-me uma calma tensa

É a esperança a desaparecer

Olho mulheres na rua

Sinto o coração a ferver

Pergunto-me se te amo

Ou se é a solidão a falar

Penso em ti na noite fria

Mas já não és a única que me faz sonhar

Desço as escadas do metro

Lembro a desilusão que me afundou

O teu coração no meu espelho

É um barco que já passou


Porque a noite não tem palavras

Porque a noite não tem nada

Para me consolar

Na penumbra não tenho alma

Fica o desejo de te beijar


2 comentários:

Susana disse...

Que lindo!

sandra disse...

Esta dor no coração e o vazio na alma, compreendo.
Parabéns ao autor por saber exprimir tão bem estes sentimentos, que nalgum ponto na vida de todos nós, nos atingem dolorosamente. Afinal não estamos sós...
Sandra