Noites de Fevereiro
É noite em Lisboa
E faz frio
Percorre-me uma brisa gelada
Que vem do lado do rio
E nada me agrada
A cidade é gelada
E, então, sinto um vazio
Caminho sem pressa
Não tenho onde chegar
Não tenho ninguém à espera
E o tempo passa devagar
Chamo por ti
Mas tu não me respondes
Eu tenho a vida inteira para te amar
Só peço, então, a chave do teu altar
Só peço, então, à noite para te encontrar
Porque a noite não tem palavras
Porque a noite não tem nada
Para me consolar
Na penumbra não tenho alma
Fica o desejo de te beijar
Vejo luzes do outro lado
Desejo ver-te a adormecer
Invade-me uma calma tensa
É a esperança a desaparecer
Olho mulheres na rua
Sinto o coração a ferver
Pergunto-me se te amo
Ou se é a solidão a falar
Penso em ti na noite fria
Mas já não és a única que me faz sonhar
Desço as escadas do metro
Lembro a desilusão que me afundou
O teu coração no meu espelho
É um barco que já passou
Porque a noite não tem palavras
Porque a noite não tem nada
Para me consolar
Na penumbra não tenho alma
Fica o desejo de te beijar
2 comentários:
Que lindo!
Esta dor no coração e o vazio na alma, compreendo.
Parabéns ao autor por saber exprimir tão bem estes sentimentos, que nalgum ponto na vida de todos nós, nos atingem dolorosamente. Afinal não estamos sós...
Sandra
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